Terapia hormonal na menopausa: benefícios, riscos e alternativas

Mulher madura sorridente representando bem-estar após iniciar a terapia hormonal na menopausa

A transição da menopausa é um processo fisiológico que marca o fim da fase reprodutiva da mulher. Embora natural, essa fase pode trazer diversos sintomas que afetam significativamente a qualidade de vida. Ondas de calor, insônia, alterações de humor e secura vaginal são apenas alguns dos sinais mais comuns.

Neste cenário, a terapia hormonal (TH) é frequentemente considerada a principal estratégia de manejo. No entanto, surgem muitas dúvidas: ela é segura? Quais são os riscos? Existem alternativas naturais eficazes? Este artigo esclarece essas questões com base em evidências científicas e nas diretrizes da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

O que é a terapia hormonal?

A terapia hormonal na menopausa consiste na reposição de estrogênio isolado ou combinado a progesterona, com o objetivo de aliviar os sintomas decorrentes da queda hormonal após o climatério. De acordo com a FEBRASGO, a TH é a estratégia mais eficaz no tratamento dos sintomas vasomotores moderados a intensos (como os fogachos) e também melhora a atrofia urogenital, o sono e o bem-estar geral.

Ela pode ser administrada por via oral, transdérmica (adesivos ou gel), vaginal ou injetável, e deve ser personalizada de acordo com o perfil da paciente.

Benefícios da terapia hormonal

A TH apresenta diversos efeitos positivos quando bem indicada e monitorada:

  • Redução dos fogachos e suores noturnos: alívio significativo e rápido dos sintomas.

  • Melhora da qualidade do sono: especialmente quando os despertares noturnos estão associados a ondas de calor.

  • Prevenção da osteoporose: o estrogênio reduz a perda óssea e diminui o risco de fraturas.

  • Melhora da saúde urogenital: reduz secura vaginal, dor na relação sexual e infecções urinárias de repetição.

  • Impacto positivo na qualidade de vida: melhora do humor, energia e disposição geral.

Segundo estudos clínicos, mulheres saudáveis que iniciam a terapia hormonal até os 60 anos ou nos primeiros 10 anos após a menopausa apresentam melhor relação risco-benefício.

Riscos e contraindicações

Apesar dos benefícios, a terapia hormonal não é isenta de riscos. Por isso, uma avaliação médica criteriosa é indispensável.

Os principais riscos identificados incluem:

  • Aumento do risco de trombose venosa profunda e embolia pulmonar, especialmente com estrogênio oral.

  • Elevação do risco de câncer de mama, particularmente em esquemas com estrogênio + progesterona por tempo prolongado.

  • Eventos cardiovasculares: risco variável de acordo com idade, tempo de menopausa e histórico pessoal.

Contraindicações absolutas incluem:

  • História de câncer de mama ou endométrio

  • Doença hepática ativa

  • Trombofilias ou história prévia de trombose

  • Sangramentos genitais não esclarecidos

Assim, a indicação deve ser individualizada, respeitando o perfil clínico, histórico familiar e preferências da paciente.

image4-257x300 Terapia hormonal na menopausa: benefícios, riscos e alternativas
Entender o funcionamento hormonal é essencial para escolher o tratamento ideal para o climatério. Imagem: Sanarmed.

Alternativas naturais e não hormonais

Para mulheres que não desejam ou não podem utilizar a TH, existem opções não hormonais e naturais com eficácia variável. Elas podem ser utilizadas isoladamente ou como complemento à terapia convencional.

1. Fitoterapia

Algumas plantas medicinais têm sido estudadas como alternativas para alívio de sintomas leves a moderados:

  • Cimicifuga racemosa (Black Cohosh): pode reduzir ondas de calor, embora os resultados variem.

  • Trevo-vermelho: contém isoflavonas, fitoestrógenos que imitam o estrogênio no corpo.

  • Soja (isoflavonas de soja): estudos mostram melhora modesta em fogachos.

Segundo a FEBRASGO, essas alternativas podem ser consideradas, mas ainda carecem de evidências robustas e consistentes para recomendação ampla. A escolha deve ser cuidadosa e monitorada.

2. Mudanças no estilo de vida

A adoção de hábitos saudáveis impacta positivamente a saúde da mulher no climatério:

  • Exercícios físicos regulares: reduzem sintomas depressivos, melhoram o sono e protegem a saúde cardiovascular.

  • Alimentação equilibrada: rica em fibras, cálcio e antioxidantes.

  • Evitar tabaco e excesso de álcool: fatores que agravam os sintomas e elevam riscos cardiovasculares.

  • Técnicas de relaxamento: meditação, ioga e mindfulness contribuem para o equilíbrio emocional.

3. Terapias não hormonais prescritas

Alguns medicamentos de uso off-label, como antidepressivos (ISRS, IRSN), clonidina e gabapentina, podem ser indicados para mulheres com sintomas intensos e contraindicação ao uso de hormônios. Esses medicamentos atuam em vias neurológicas que regulam os fogachos e a resposta ao estresse térmico.

O que diz a FEBRASGO?

Segundo a FEBRASGO, a decisão sobre utilizar ou não a terapia hormonal deve ser baseada em avaliação clínica, histórico familiar, idade, tempo de menopausa e preferências da paciente. O órgão reforça que a TH não deve ser usada com a única finalidade de prevenção de doenças crônicas, mas sim como ferramenta para melhoria da qualidade de vida na presença de sintomas incômodos.

A Federação também recomenda que a prescrição seja feita por profissional habilitado, e que o tratamento seja reavaliado periodicamente, com o menor tempo e dose eficaz possíveis.

Conclusão

A terapia hormonal pode ser uma grande aliada no alívio dos sintomas da menopausa, desde que seja bem indicada e monitorada. Para mulheres que não podem ou não desejam fazer uso de hormônios, existem alternativas seguras que, embora nem sempre tão eficazes, podem contribuir significativamente para o bem-estar.

É fundamental que cada mulher seja avaliada de forma individual, considerando seus sintomas, expectativas e riscos associados. Com o acompanhamento adequado, é possível atravessar essa fase com mais saúde, conforto e autonomia.

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