Técnicas cientificamente comprovadas para melhorar a insônia
A insônia é um distúrbio do sono caracterizado por dificuldade em iniciar ou manter o sono, ou ainda pela sensação de sono não restaurador. Estima-se que cerca de 30% da população mundial experimente sintomas de insônia em algum momento da vida, sendo que entre 10% e 15% desenvolvem uma forma crônica. Diante disso, torna-se essencial conhecer estratégias respaldadas por evidências científicas para prevenir e tratar esse distúrbio de forma eficaz e segura.
O que causa a insônia?
Antes de abordar as técnicas para aliviá-la, é importante compreender os fatores que contribuem para o surgimento da insônia. De forma geral, a insônia pode ser desencadeada por fatores psicológicos (como ansiedade e depressão), comportamentais (como má higiene do sono), fisiológicos (como dor crônica) ou ambientais (como exposição à luz excessiva à noite).
Entender essa multifatorialidade é fundamental porque, frequentemente, o tratamento eficaz envolve uma abordagem integrada que leva em consideração mais de uma causa.
Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I)
A TCC-I é atualmente considerada a abordagem de primeira linha para o tratamento da insônia crônica. Diferentemente do uso de medicamentos, que tendem a oferecer alívio temporário, a TCC-I atua sobre os pensamentos, emoções e comportamentos que perpetuam o problema.
Dentre as estratégias utilizadas, destacam-se:
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Reestruturação cognitiva: identificação e modificação de pensamentos disfuncionais relacionados ao sono, como “nunca vou conseguir dormir” ou “se eu não dormir, meu dia será um desastre”.
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Controle de estímulos: orientação para associar a cama e o quarto exclusivamente ao sono e à intimidade, evitando atividades como assistir televisão ou usar o celular.
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Restrição do sono: técnica que consiste em limitar o tempo total na cama ao tempo médio efetivamente dormido, com o objetivo de aumentar a pressão do sono e consolidar o ciclo sono-vigília.
Estudos clínicos mostram que a TCC-I apresenta eficácia comparável ou superior à de medicamentos sedativos, com resultados sustentáveis a longo prazo.
Higiene do Sono
Embora muitas vezes negligenciada, a higiene do sono é uma intervenção básica, porém essencial. Trata-se de um conjunto de hábitos que favorecem a regulação do ritmo circadiano e a indução natural do sono.
As recomendações incluem:
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Manter horários regulares para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana.
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Evitar substâncias estimulantes como cafeína e nicotina nas horas que antecedem o sono.
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Reduzir a exposição a telas (celular, TV, computador) pelo menos uma hora antes de dormir.
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Criar um ambiente propício ao sono: escuro, silencioso, arejado e com temperatura agradável.
Portanto, ao incorporar essas práticas no cotidiano, o indivíduo contribui significativamente para a qualidade do sono e para a prevenção de distúrbios associados.
Técnicas de Relaxamento e Meditação
Técnicas de relaxamento como a respiração diafragmática, o relaxamento muscular progressivo de Jacobson e a atenção plena (mindfulness) demonstraram ser eficazes na redução da atividade fisiológica e cognitiva associada à insônia.
Por exemplo, a prática regular de mindfulness reduz os níveis de cortisol, diminui a atividade do sistema nervoso simpático e favorece a ativação do sistema parassimpático, que está envolvido na indução do sono.
Ademais, um estudo publicado no JAMA Internal Medicine em 2015 mostrou que adultos mais velhos com distúrbios do sono que participaram de um programa de mindfulness tiveram melhora significativa na qualidade do sono em comparação com aqueles que participaram de um curso de educação sobre o sono.
Exercício Físico Regular
A atividade física regular é outro recurso importante no manejo da insônia. Exercícios aeróbicos moderados, como caminhadas, natação ou ciclismo, contribuem para a regulação do ritmo circadiano, além de melhorar o humor e reduzir sintomas de ansiedade e depressão.
Contudo, é importante observar o horário da prática. Embora o exercício seja benéfico, realizar atividades físicas intensas próximo da hora de dormir pode ser contraproducente, pois eleva a temperatura corporal e estimula a liberação de adrenalina.
Idealmente, recomenda-se que a prática seja realizada no período da manhã ou até no início da tarde, garantindo tempo suficiente para que o organismo retorne ao estado basal antes do sono noturno.
Fitoterapia e Suplementação
Algumas substâncias de origem natural também podem auxiliar no manejo da insônia, desde que utilizadas com critério e, preferencialmente, sob supervisão profissional.
Entre as opções mais estudadas estão:
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Melatonina: hormônio envolvido na regulação do ciclo sono-vigília. A suplementação pode ser útil, especialmente em casos de insônia associada a jet lag ou a alterações do ritmo circadiano.
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Valeriana: planta com propriedades sedativas leves, que pode ajudar na redução da latência do sono.
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Passiflora (maracujá) e camomila: utilizadas tradicionalmente como calmantes, podem auxiliar no relaxamento antes de dormir.
Vale destacar que, apesar de serem consideradas “naturais”, essas substâncias não estão isentas de efeitos adversos ou interações medicamentosas. Portanto, a automedicação não é recomendada.
Considerações Finais
A insônia é um problema comum, mas que pode ser tratado com segurança e eficácia por meio de estratégias baseadas em evidências. Embora medicamentos hipnóticos possam ser úteis em situações específicas e de curto prazo, o foco deve estar em abordagens não farmacológicas, como a terapia cognitivo-comportamental, técnicas de relaxamento, bons hábitos de sono e estilo de vida saudável.
Adotar essas medidas exige disciplina e, muitas vezes, orientação profissional, mas os benefícios para a saúde física, mental e emocional compensam o esforço. Portanto, se você sofre com dificuldades para dormir, saiba que há alternativas seguras e cientificamente comprovadas que podem restaurar a qualidade do seu sono e, consequentemente, sua qualidade de vida.
Dica de artigo: Insônia de curto prazo
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