Smartwatches e saúde: veja o que dizem os estudos atuais

Mulher consultando dados de saúde no smartwatch durante caminhada ao ar livre

Não é raro ver pessoas monitorando seus passos, batimentos cardíacos ou padrões de sono por meio de relógios inteligentes e pulseiras fitness. Esses dispositivos, conhecidos como wearables, ganharam popularidade nos últimos anos e se tornaram parte da rotina de quem busca uma vida mais saudável. Mas será que, na prática, eles realmente ajudam a cuidar da saúde? A resposta não é tão simples quanto parece, mas a ciência já tem algumas pistas — e elas são promissoras.

O que são wearables e como funcionam?

Dispositivos vestíveis são tecnologias que podem ser usadas no corpo e que coletam dados fisiológicos em tempo real. Entre os mais comuns estão os smartwatches, pulseiras inteligentes, faixas de monitoramento cardíaco e até roupas com sensores incorporados. A maioria desses equipamentos utiliza sensores como acelerômetros, giroscópios, fotopletismografia (PPG) e sensores de temperatura para rastrear diversas variáveis: passos, frequência cardíaca, gasto calórico, saturação de oxigênio, entre outros.

Esses dados são processados e exibidos em aplicativos que permitem o acompanhamento da saúde ao longo do tempo, gerando gráficos, metas e até alertas quando algo está fora do esperado.

Monitoramento contínuo e prevenção

Uma das grandes vantagens dos wearables é a possibilidade de monitoramento contínuo, algo que não é viável nas consultas médicas convencionais. Em vez de verificar a pressão ou os batimentos uma vez por ano, por exemplo, o usuário pode acompanhar essas variáveis diariamente — ou até minuto a minuto.

Alguns modelos mais avançados são capazes de detectar irregularidades no ritmo cardíaco, como fibrilação atrial, e emitir alertas para que o usuário procure ajuda médica. Em países como os EUA, o uso do Apple Watch para detectar arritmias já foi validado por estudos clínicos e aprovado pela FDA, a agência reguladora americana. Isso mostra que, ao menos para alguns casos, a tecnologia já ultrapassou o campo do entretenimento e adentrou o da saúde preventiva com base científica.

Evidências científicas: o que os estudos dizem?

Um estudo publicado no Journal of Medical Internet Research mostrou que o uso de dispositivos vestíveis está associado a maior adesão à atividade física e redução do sedentarismo. Outro trabalho, da Harvard Medical School, revelou que usuários frequentes de smartwatches com monitoramento de sono tendem a melhorar seus hábitos de descanso, simplesmente por tomarem consciência da qualidade (ou da falta dela) de seu sono.

Apesar dos benefícios, é importante destacar que nem todos os dados coletados são 100% precisos. A acurácia pode variar bastante entre as marcas e modelos, especialmente em variáveis como gasto calórico e saturação periférica de oxigênio (SpO2). Para o usuário comum, essas informações ainda podem ser úteis como indicadores gerais — mas não devem substituir exames clínicos ou diagnósticos médicos.

Os limites da tecnologia: o que ela ainda não resolve?

Apesar dos avanços, os dispositivos vestíveis ainda enfrentam limitações técnicas e metodológicas. Primeiro, há a falsa sensação de controle: muitos usuários acreditam que, ao atingir a meta de 10 mil passos diários, estão automaticamente saudáveis — quando, na verdade, há outros fatores importantes como alimentação, estresse e sono.

Além disso, há a questão da privacidade dos dados. As informações coletadas pelos smartwatches muitas vezes são compartilhadas com empresas de tecnologia e podem ser utilizadas para fins comerciais, nem sempre de forma transparente.

Outro ponto é que, apesar de sugerirem ações de saúde, esses dispositivos não fazem diagnóstico nem substituem acompanhamento profissional. A leitura de um eletrocardiograma em um relógio, por exemplo, não equivale a um exame realizado com supervisão médica e interpretação adequada.

Para quem os wearables fazem mais sentido?

O público que mais pode se beneficiar dos dispositivos vestíveis é aquele que já tem algum nível de interesse por saúde ou que busca melhorar seus hábitos. Para iniciantes, por exemplo, o simples fato de ver o número de passos pode ser um incentivo para sair do sedentarismo.

Em pacientes com doenças crônicas — como hipertensão ou arritmias cardíacas — alguns wearables oferecem recursos de monitoramento remoto, que podem ser aliados no tratamento. Entretanto, nesses casos, o uso deve ser sempre feito com orientação de um profissional de saúde.

Conclusão: vale a pena investir?

No fim das contas, smartwatches e dispositivos vestíveis não são mágicos, mas podem ser ferramentas valiosas. Quando usados com consciência e como complemento ao cuidado médico tradicional, eles oferecem dados úteis, promovem autoconhecimento e incentivam mudanças positivas no estilo de vida.

Para quem está disposto a usar a tecnologia como aliada — e não como substituta de bons hábitos ou de cuidados profissionais — o investimento pode valer a pena. O mais importante é entender que a saúde é um processo multifatorial, e nenhuma tecnologia, por mais avançada que seja, funcionará sozinha.

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