Quando o espelho acusa: o que fazer diante da queda de cabelo?

Homem preocupado observando a queda de cabelo masculina no espelho

A maioria dos homens vai enfrentar, mais cedo ou mais tarde, algum grau de queda de cabelo. Para alguns, o processo começa ainda na adolescência; para outros, só depois dos 40. Mas seja qual for a fase da vida, é comum que o primeiro reflexo ao notar as entradas aumentando ou o redemoinho se abrindo no topo da cabeça seja de preocupação. A boa notícia é que, hoje, sabemos muito mais sobre o tema do que sabíamos há 20 anos — e sim, existem tratamentos eficazes, baseados em evidências sólidas.

A calvície masculina, chamada tecnicamente de alopecia androgenética, está diretamente relacionada à genética e à ação dos andrógenos, especialmente a di-hidrotestosterona (DHT), um derivado da testosterona. Basicamente, os folículos pilosos de certas regiões do couro cabeludo são mais sensíveis à DHT. Com o tempo, eles vão se afinando, encurtando o ciclo de crescimento e, eventualmente, deixando de produzir fios visíveis.

Diferentemente do que muitos pensam, lavar o cabelo com frequência, usar boné ou passar por momentos de estresse isolado não causam calvície. Esses fatores podem até influenciar na saúde dos fios, mas a alopecia androgenética tem origem muito mais hormonal e genética do que ambiental. Isso é importante de dizer porque muitos homens acabam gastando dinheiro com xampus milagrosos ou promessas sem comprovação científica.

Mas, afinal, o que a ciência realmente recomenda?

Finasterida: a pedra fundamental do tratamento

Talvez o tratamento mais conhecido seja a finasterida oral, um medicamento que age bloqueando a enzima 5-alfa-redutase tipo II, responsável por converter a testosterona em DHT. Ao reduzir a concentração de DHT no couro cabeludo, a finasterida ajuda a retardar a miniaturização dos fios e, em muitos casos, promove até mesmo certa recuperação da densidade capilar.

Trata-se de um dos tratamentos com maior grau de evidência clínica para a calvície masculina. Estudos mostram que, após um ano de uso, mais de 80% dos homens conseguem estabilizar a queda, e cerca de 65% relatam aumento da espessura e quantidade de fios.

Claro, como todo medicamento, a finasterida pode trazer efeitos adversos — os mais comentados são os relacionados à esfera sexual (como queda da libido ou disfunção erétil), mas vale dizer que esses casos são raros, reversíveis e ocorrem em uma minoria dos pacientes.

Recentemente, a finasterida tópica (em loção) tem sido cada vez mais prescrita, especialmente por dermatologistas que desejam reduzir os efeitos sistêmicos da medicação. Ainda são necessários mais estudos robustos, mas os resultados iniciais são promissores.

Minoxidil: velho conhecido, mas ainda relevante

Outro pilar clássico no combate à calvície é o minoxidil, utilizado de forma tópica. Ele atua estimulando os folículos pilosos ao prolongar a fase anágena (de crescimento) do ciclo capilar. Embora não impeça a ação da DHT, ele ajuda a manter os fios mais tempo em crescimento, dando a sensação de mais volume.

O uso do minoxidil exige disciplina diária e paciência: os resultados começam a ser percebidos após cerca de 3 a 6 meses de uso regular. E sim, o efeito rebote é real — se você suspender o tratamento, os fios conquistados podem cair novamente em algumas semanas.

Hoje, muitas fórmulas manipuladas combinam minoxidil com ativos como finasterida tópica, cafeína e tretinoína, buscando maior eficácia, especialmente em homens que desejam evitar a via oral da medicação.

Novidades e tecnologias em ascensão

Nos últimos anos, o arsenal terapêutico vem ganhando reforços com opções mais tecnológicas. A laserterapia de baixa intensidade (LLLT), por exemplo, tem sido estudada como coadjuvante promissor. Ela estimula o metabolismo celular dos folículos, favorecendo o crescimento dos fios. Ainda que o efeito isolado não seja tão marcante, o uso combinado com finasterida e minoxidil parece ter um papel complementar interessante.

Outras abordagens, como o microagulhamento (microneedling) associado à aplicação de ativos tópicos, têm ganhado espaço em clínicas especializadas. Essa técnica cria microlesões controladas no couro cabeludo, estimulando fatores de crescimento e facilitando a penetração dos medicamentos.

Por fim, existe o implante capilar, que não é um tratamento preventivo, mas uma solução cirúrgica para recuperar áreas já calvas. Com o avanço das técnicas FUE (extração de unidades foliculares), os resultados hoje são muito mais naturais do que no passado.

E os suplementos? Valem a pena?

É comum que homens que percebem a queda capilar recorram a suplementos ricos em biotina, zinco, ferro ou colágeno. De fato, essas substâncias são importantes para a saúde do cabelo — mas apenas quando há deficiência real no organismo. Para quem tem uma alimentação equilibrada, a suplementação costuma ter impacto limitado.

Ou seja, antes de sair comprando frascos caros, vale mais a pena fazer exames laboratoriais simples e conversar com um médico ou nutricionista.

Veja mais sobre o assunto no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Conclusão: cuidado exige informação

A calvície masculina tem causa biológica definida e, por isso, pode (e deve) ser abordada com base científica. Hoje, existem tratamentos eficazes, seguros e acessíveis, desde que usados corretamente e com acompanhamento profissional. O ideal é não esperar o problema avançar muito para buscar ajuda — quanto antes o tratamento começar, maiores as chances de preservar os fios e recuperar a autoestima.

O mais importante, talvez, seja entender que cuidar da saúde capilar não é vaidade: é autocuidado.

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