Hipertrofia: quanta proteína ingerir para ganhar massa muscular?
A hipertrofia muscular, objetivo comum entre praticantes de musculação, exige mais do que treinos intensos. A nutrição adequada é fundamental para que o corpo consiga reparar as microlesões geradas nos músculos e promover o crescimento das fibras. E, entre os nutrientes envolvidos nesse processo, a proteína é a protagonista. Porém, surge uma dúvida recorrente: afinal, quanta proteína uma pessoa deve ingerir por dia para alcançar bons resultados em termos de ganho de massa muscular?
Antes de tudo, é importante entender que o metabolismo proteico é dinâmico. Mesmo em repouso, o corpo realiza constantemente processos de degradação e síntese de proteínas musculares. Em indivíduos que praticam musculação ou outro tipo de exercício resistido com regularidade, esse processo se intensifica, o que aumenta a necessidade de ingestão proteica para promover um balanço nitrogenado positivo — condição essencial para o crescimento muscular.
A recomendação tradicional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para adultos saudáveis é de cerca de 0,8g de proteína por quilo de peso corporal por dia. Contudo, esse valor é voltado para manutenção básica da saúde e não contempla situações em que há maior demanda metabólica, como o caso de quem busca hipertrofia. A literatura científica atual, apoiada por entidades como o American College of Sports Medicine (ACSM) e a International Society of Sports Nutrition (ISSN), sugere que praticantes de exercícios resistidos devem consumir entre 1,6g e 2,2g de proteína por quilo de peso corporal diariamente para maximizar os ganhos musculares.
Por exemplo, uma pessoa com 70 kg que pratica musculação regularmente deve consumir entre 112g e 154g de proteína por dia, dependendo de seu nível de treinamento, intensidade da atividade, objetivos e composição corporal. Esses valores servem como referência, mas não substituem o acompanhamento profissional, já que a ingestão ideal deve considerar o perfil metabólico individual, patologias pré-existentes e distribuição calórica da dieta como um todo.
Outro ponto relevante é a distribuição da ingestão proteica ao longo do dia. Diversos estudos demonstram que a ingestão fracionada — ou seja, consumir fontes proteicas em todas as refeições principais e lanches — favorece mais a síntese proteica muscular do que concentrar toda a proteína em uma ou duas refeições. Isso ocorre porque o corpo tem uma capacidade limitada de utilizar os aminoácidos por refeição. De modo geral, recomenda-se incluir entre 20g e 40g de proteína por refeição, dependendo do porte físico e das necessidades de cada pessoa.
Em relação às fontes, as proteínas de alto valor biológico são preferíveis. Elas contêm todos os aminoácidos essenciais em proporções adequadas. Entre os alimentos de origem animal, destacam-se ovos, leite e derivados, carnes magras e peixes. Já entre os vegetais, opções como soja, grão-de-bico, lentilha e quinoa oferecem boa qualidade proteica, mas podem exigir combinações estratégicas para garantir todos os aminoácidos essenciais.
A suplementação proteica, por sua vez, pode ser uma aliada, mas não é indispensável. Whey protein, caseína, proteína isolada de soja e outras fórmulas concentradas são práticas para alcançar as metas diárias de proteína, especialmente para quem tem dificuldade em atingir as quantidades recomendadas apenas com a alimentação. Entretanto, vale ressaltar que suplementos devem complementar uma dieta equilibrada, e não substituí-la.
Além da quantidade e da qualidade, o momento de ingestão da proteína também pode impactar os resultados. O chamado “timing proteico”, que envolve consumir proteína logo após o treino, é uma estratégia defendida por muitos especialistas. Embora alguns estudos mostrem que o mais importante seja o consumo total diário, há evidências de que ingerir proteína nas duas horas seguintes ao exercício pode otimizar a recuperação muscular e estimular a síntese proteica de forma mais eficiente.
No entanto, é importante evitar excessos. A ingestão proteica acima de 2,2g/kg/dia geralmente não traz benefícios adicionais à hipertrofia e pode sobrecarregar o sistema renal em pessoas predispostas a doenças renais. Além disso, dietas hiperproteicas podem levar à redução do consumo de outros nutrientes essenciais, como fibras e vitaminas, se mal planejadas.
Portanto, o equilíbrio é a chave. Para quem busca hipertrofia, o ideal é combinar uma ingestão proteica adequada com um plano alimentar bem estruturado, treinos consistentes e descanso suficiente. A orientação de um nutricionista esportivo é essencial para ajustar as quantidades conforme a necessidade individual, evitando tanto a deficiência quanto o excesso.
Em resumo, a recomendação média de ingestão proteica para quem deseja ganhar massa muscular gira em torno de 1,6g a 2,2g por quilo de peso corporal por dia, distribuída de forma equilibrada ao longo das refeições. Apostar em fontes proteicas de alta qualidade, considerar o timing e, se necessário, utilizar suplementos com orientação profissional, são medidas eficazes para potencializar os resultados e garantir saúde no processo.
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