Hipotireoidismo ou hipertireoidismo? Saiba como diferenciar
A tireoide, uma pequena glândula localizada na parte anterior do pescoço, desempenha um papel essencial na regulação do metabolismo, da temperatura corporal e do funcionamento de praticamente todos os sistemas do corpo. Apesar de sua dimensão discreta, seus distúrbios podem ter impacto significativo na qualidade de vida. Entre os problemas mais comuns estão o hipotireoidismo e o hipertireoidismo, condições frequentemente confundidas entre si, mas que possuem manifestações clínicas opostas e exigem abordagens distintas.
Hipotireoidismo: o metabolismo em marcha lenta
O hipotireoidismo ocorre quando a glândula tireoide não produz hormônios em quantidade suficiente, em especial a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). A causa mais comum no Brasil é a tireoidite de Hashimoto, uma condição autoimune na qual o próprio sistema imunológico ataca as células da tireoide. Outras causas incluem tratamentos com iodo radioativo, cirurgia de retirada da glândula ou efeitos colaterais de certos medicamentos.
Os sintomas aparecem gradualmente e podem ser confundidos com quadros de cansaço crônico ou depressão. Entre os sinais mais frequentes estão: fadiga constante, pele seca, intolerância ao frio, prisão de ventre, ganho de peso, queda de cabelo, unhas quebradiças, menstruação irregular e lentidão cognitiva. Em alguns casos, o paciente pode relatar sensação de tristeza sem causa aparente, reflexo da diminuição do metabolismo cerebral.
Quando o diagnóstico não é feito precocemente, o quadro pode evoluir para o mixedema, uma forma grave e rara do distúrbio, com risco à vida. Por isso, é essencial estar atento aos sinais e procurar orientação médica diante de sintomas persistentes.
Hipertireoidismo: aceleração desregulada do organismo
Já o hipertireoidismo representa o extremo oposto: um excesso de produção hormonal pela tireoide. A principal causa é a doença de Graves, também de origem autoimune, mas que provoca uma superatividade da glândula. Outras possíveis origens incluem nódulos hiperfuncionantes e inflamações transitórias da tireoide, como a tireoidite subaguda.
Os sintomas mais comuns são reflexo de um metabolismo acelerado: perda de peso involuntária, palpitações, sudorese excessiva, tremores nas mãos, nervosismo, insônia e intolerância ao calor. Mulheres podem apresentar ciclos menstruais irregulares, e em alguns casos há aumento visível da glândula (bócio) ou alteração nos olhos, com olhos proeminentes e sensíveis à luz.
Diferentemente do hipotireoidismo, os sinais tendem a surgir de forma mais abrupta, o que facilita a percepção do paciente sobre algo fora do comum. Contudo, o diagnóstico nem sempre é imediato, pois muitos dos sintomas se confundem com quadros ansiosos.
Diagnóstico preciso exige avaliação laboratorial
Para identificar a origem dos sintomas, o médico solicita exames de sangue específicos que medem os níveis de TSH (hormônio estimulante da tireoide), T3 e T4 livre. O TSH, produzido pela hipófise, serve como um marcador sensível: ele se eleva quando a tireoide está preguiçosa (hipotireoidismo) e se reduz quando a glândula está superativa (hipertireoidismo).
Além disso, exames como anticorpos anti-TPO, anti-Tg e TRAb ajudam a diferenciar as causas autoimunes. A ultrassonografia da tireoide pode avaliar o tamanho, a textura e a presença de nódulos, enquanto a cintilografia fornece informações sobre a função da glândula.
O diagnóstico correto é crucial, pois um tratamento inadequado pode agravar os sintomas. É importante evitar a automedicação ou a busca por suplementos hormonais sem orientação especializada.
Tratamento individualizado conforme o quadro
O tratamento do hipotireoidismo consiste basicamente na reposição de levotiroxina, um hormônio sintético que substitui o T4 produzido pela glândula. A dose é ajustada de forma individualizada, com base no peso, idade e níveis hormonais do paciente. Com acompanhamento adequado, os sintomas tendem a desaparecer em poucas semanas.
Já o hipertireoidismo exige um leque mais variado de estratégias. Pode-se utilizar antitireoidianos (como metimazol ou propiltiouracil), iodo radioativo para reduzir a função da glândula, ou até cirurgia de tireoidectomia total ou parcial, dependendo da causa e da gravidade. Em casos de taquicardia intensa, são prescritos betabloqueadores para alívio sintomático.
É importante lembrar que, após o tratamento do hipertireoidismo, o paciente pode evoluir para hipotireoidismo e necessitar de reposição hormonal contínua. Por isso, o acompanhamento com endocrinologista é indispensável.
A importância da tireoide para a saúde integral
Distúrbios tireoidianos afetam mais mulheres do que homens, sobretudo a partir dos 35 anos. Gravidez, histórico familiar, doenças autoimunes e radiações prévias na região do pescoço aumentam o risco de alterações na função tireoidiana. No entanto, homens e jovens também podem ser acometidos.
Manter os exames em dia, adotar um estilo de vida saudável e estar atento a sinais do corpo são atitudes fundamentais para detectar precocemente qualquer disfunção. Embora as duas condições sejam tratáveis, o sucesso do tratamento depende do diagnóstico correto e do seguimento médico contínuo.
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